Resultados da Vale 3T24

No dia 24 de outubro de 2024, a Vale (VALE3) divulgou os resultados do 3º trimestre de 2024 (3T24). Se você possui ações da Vale ou deseja saber mais a respeito da mineradora, confira o nosso texto sobre os resultados da Vale no 3T24. Dado que as receitas e os custos da mineradora são predominantemente em dólares americanos (US$), apresentaremos no decorrer do texto os valores monetários nesta mesma unidade.       

Boa leitura.

Resultados da Vale 3T24

1) Receita, lucro e margem líquida

No 3º trimestre de 2024, a Vale atingiu uma receita líquida de vendas igual a 9,553 bilhões de dólares (-10% vs. 3T23). Segundo a companhia, “as vendas de minério de ferro aumentaram 1,3 Mt (+2%) a/a, impulsionadas pelo aumento de 18% das vendas de pelotas devido a maior produção e à forte demanda”. A queda na receita líquida pode ser explicada pelo menor preço realizado médio da tonelada dos finos de minério comparado aos preços praticados em 2023. 

Além disso, o lucro líquido da Vale no 3T24 foi de 2,415 bilhões de dólares (-15% vs. 3T24). Portanto, a mineradora alcançou uma margem líquida (lucro líquido sobre receita líquida) de 25,28%. Ou seja, cada US$ 100 de receita líquida foram convertidos em US$ 25,28 de lucro líquido. A excelente margem líquida obtida pela VALE3 é fruto principalmente da eficiência operacional da companhia. 

Receita líquida da Vale por segmento. Fonte: Vale.

2) Investimentos, endividamento e alavancagem

Ao longo do 3T24, a Vale atingiu o patamar de 1,398 bilhão de dólar em investimentos. Desse total, 1 bilhão de dólar foi para a área de soluções de minério de ferro, 376 milhões de dólares para o segmento de metais para transição energética (níquel e cobre) e 22 milhões de dólares para a área de energia e outros. Apesar dos altos investimentos, o endividamento da Vale está situado em um patamar bastante confortável. 

De fato, a dívida líquida da companhia fechou o 3T24 em 9,536 bilhões de dólares (-5% vs. 3T23), ou seja, 0,5x EBITDA Ajustado (últimos 12 meses). Ou seja, a Vale (VALE3) encerrou o 3º trimestre com uma alavancagem igual a 0,5. Portanto, se você investe na Vale com foco no recebimento de dividendos, então, a baixa alavancagem da companhia é uma ótima notícia. Além disso, a VALE3 possui um programa de recompra de ações em aberto, o que contribui para potencializar os dividendos futuros.

Endividamento da Vale. Fonte: Vale.

3) Preço do minério de ferro, custo de produção e efeitos do câmbio 

O preço médio realizado da tonelada do minério de ferro (62% Fe) no 3T24 foi US$ 90,60. Apesar da redução no preço do minério de ferro, cabe destacar que os custos de produção também diminuíram na base de comparação anual. De fato, o custo de produção da tonelada dos finos de minério de ferro alcançou o patamar de US$ 18,50 (-13% vs. 3T23) e o custo caixa foi de US$ 20,60 (-6% vs. 3T23). 

Além disso, por se tratar de uma empresa diretamente exposta ao dólar americano, a Vale tende a capturar os efeitos do câmbio. Nesse sentido, caso o dólar americano (US$) apresente uma forte valorização perante o real brasileiro (R$), isso não será necessariamente ruim para a companhia.      

Custos all-in e custo de produção da Vale. Fonte: Vale.

4) A dependência do minério de ferro e da China

Embora a Vale (VALE3) seja exportadora de minerais ferrosos, podemos afirmar que a companhia depende essencialmente das vendas de minério de ferro para a China. De fato, no 3T24, a receita líquida do segmento de soluções de minério de ferro foi de 7,970 bilhões de dólares. Ou seja, 83,43% da receita líquida total da companhia. 

Por outro lado, a China ainda é a principal compradora dos produtos produzidos pela Vale. No 3T24, o mercado chinês respondeu por cerca de 4,770 bilhões de dólares da receita líquida da mineradora. Ou seja, praticamente 50% da receita líquida total. Aliás, o mercado asiático é o grande comprador do minério de ferro produzido pela VALE3. Ele é o responsável por 67,2% da receita líquida da mineradora.      

Receita líquida da Vale por destino. Fonte: Vale.

5) Acordo sobre a barragem de Fundão em Mariana

No dia 25 de outubro de 2024, a Vale, a Samarco e a BHP assinaram um acordo definitivo e substancial com o Governo Federal Brasileiro, os Governos dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, os Ministérios Públicos Federal e Estaduais e Defensorias Públicas, e demais entidades públicas brasileiras sobre demandas relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão em Mariana, Minas Gerais, Brasil, em 5 de novembro de 2015. 

Conforme divulgado pela Vale no seu site de relações com os investidores, o acordo definitivo

“prevê um valor financeiro total de aproximadamente R$ 170 bilhões, compreendendo obrigações passadas e futuras, para atender as pessoas, as comunidades e o meio ambiente impactados pelo rompimento da barragem”.

Além disso, o cronograma esperado de desembolso de caixa projetado pela Vale (VALE3) é apresentado no quadro abaixo.

Cronograma esperado de desembolso de caixa. Fonte: Vale.

A mineradora tem um longo percurso na reparação dos danos causados às pessoas e ao meio ambiente. Os recursos financeiros certamente contribuirão nesse processo, embora as perdas sejam imensuráveis. Os acionistas da companhia deverão seguir vigilantes nesse processo, pois uma companhia do porte da Vale possui uma grande responsabilidade social e ambiental.

Bons investimentos.

Referências

vale.com/pt/investidores

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