Recorde de recuperações judiciais

Embora a economia brasileira esteja a pleno vapor, isso não significa que todas as empresas estejam prosperando. Ao contrário, segundo um estudo realizado pela Serasa Experian, estamos vivenciando um recorde de recuperações judiciais. Fique conosco até o final deste post e confira as principais estatísticas sobre o recorde de recuperações judiciais.

Boa leitura.   

Pandemia e a alta da taxa de juros

Para muitas empresas a pandemia foi algo totalmente disruptivo. Ou seja, o que fazia sentido antes da pandemia, pode não fazer tanto sentido agora. Por outro lado, o que não fazia tanto sentido antes da pandemia, agora é algo habitual. As lojas de eletrodomésticos exemplificam bem essa mudança. 

Hoje as pessoas frequentam as lojas de eletrodomésticos no intuito de ver o mostruário, mas não necessariamente para comprar o produto. O consumidor pode adquirir uma geladeira pela internet por um preço mais em conta do que na loja, mesmo considerando o frete. As empresas posicionadas nos setores cíclicos da economia, mais cedo ou mais tarde estarão sujeitas às mudanças nos hábitos de consumo das pessoas.  

Além das mudanças nos hábitos de consumo causadas pela pandemia, cabe pontuar a alta na taxa de juros. No auge da pandemia, a Selic atingiu o patamar de 2% ao ano, atualmente ela está em 10,75% e no meio do caminho atingimos um pico de 13,75%. O Brasil é o país dos juros altos e seguimos nos esforçando para fazer jus a esse título. 

Com efeito, o descontrole das contas públicas e o risco iminente de alta na inflação exigem que o Banco Central seja contracionista em relação à política monetária. Desse modo, com uma taxa de juros mais elevada torna-se muito mais caro para as empresas obterem crédito no mercado e as dívidas que elas possuem também aumentam devido aos passivos que são remunerados pelo CDI. Portanto, as condições macroeconômicas prevalecentes no Brasil contribuem para o aumento no número de recuperações judiciais

Recorde de recuperações judiciais

De acordo com a pesquisa divulgada pela Serasa Experian a respeito da quantidade mensal de pedidos de recuperação judicial entre agosto de 2023 e agosto de 2024, observamos um nítido viés de alta. Comparando-se o número de pedidos feitos em agosto de 2023 (135) e agosto de 2024 (238), notamos um aumento de aproximadamente 76%. Além disso, no mês de agosto de 2024 verificamos um recorde de recuperações judiciais na série mensal dos últimos 13 meses. Isso é bastante alarmante dado que retornamos a um ciclo de alta da Selic e os números fiscais continuam se deteriorando. 

Porém, a distribuição da quantidade mensal de pedidos de recuperação judicial é bastante desigual se considerarmos o porte das empresas, pois as micro e pequenas empresas respondem pela grande maioria dos pedidos de recuperação judicial. Não é fácil empreender no Brasil. No entanto, as empresas de médio e grande porte que atuam em setores perenes da economia são mais resilientes à alta da inflação e dos juros, bem como estão mais blindadas em relação às mudanças nos hábitos dos consumidores. Água, luz e internet todo mundo precisa independentemente da circunstância.

Note que, com um faturamento menor e uma margem mais apertada de negociação com os bancos, as micro e pequenas empresas são mais vulneráveis à inflação e aos juros. Por exemplo, se um comerciante escolhe não repassar o aumento de custos para o consumidor por medo de perdê-lo, então, isso poderá implicar, eventualmente, na inviabilidade do negócio no médio prazo. No mundo dos negócios nenhuma empresa consegue operar constantemente no vermelho. Na selva do capitalismo, o lucro é o rei.           

Bons investimentos.

Referências

bcb.gov.br/estatisticas

serasaexperian.com.br/conteudos/indicadores-economicos/

istoedinheiro.com.br/pedidos-de-recuperacao-judicial-registram-maior-volume-em-um-unico-mes-em-quase-8-anos/

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