Perfil da dívida pública federal

O Tesouro Nacional divulga todos os meses o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal. A partir desse documento podemos analisar o perfil da dívida pública federal. Ou seja, podemos verificar como a dívida está distribuída com base no estoque dos títulos públicos. Se você deseja saber mais a respeito da situação fiscal brasileira, fique conosco até o final e confira o perfil da dívida pública federal. 

Boa leitura.

Títulos públicos, política monetária e inflação

A principal fonte de receita do governo federal é a arrecadação de impostos. Porém, ele precisa captar dinheiro no mercado para financiar a máquina pública e rolar sua própria dívida. O governo consegue captar recursos, principalmente, através dos títulos públicos federais, seja por meio de leilões voltados para instituições financeiras ou fundos de investimento, seja por meio do Programa Tesouro Direto ou até mesmo via emissões externas. 

Meta para a taxa Selic. Fonte: Banco Central do Brasil.

Porém, apesar do mercado considerar que os títulos públicos federais apresentam baixo risco, isso não significa que os investidores estejam disposto a emprestar dinheiro para o governo em troca de uma baixa remuneração. Com efeito, a política fiscal brasileira possui pouca credibilidade e temos dificuldade para manter a inflação abaixo da meta. Logo, precisamos conviver com juros altos para amenizar o descontrole fiscal e fazer convergir a inflação para o centro da meta. 

IPCA e meta para a inflação. Fonte: Banco Central do Brasil.

Perfil da dívida pública federal

A incerteza gerada pela falta de austeridade fiscal e o risco de alta na inflação tem implicações diretas no perfil da dívida pública federal. Conforme observamos no gráfico a seguir, os títulos públicos com taxa flutuante (Selic) e os prefixados representaram aproximadamente 70% do estoque da dívida pública federal no final de agosto de 2024. Ou seja, os investidores preferem estar posicionados em títulos curtos cuja rentabilidade está atrelada à política monetária em vez dos títulos longos cuja remuneração está indexada a algum índice de preços

Composição da dívida pública federal por indexador – Agosto/2024. Fonte: Tesouro Nacional.

Em nosso ponto de vista, a lógica subjacente é que há uma desconfiança do mercado em relação ao controle da inflação, principalmente em virtude do descontrole fiscal do governo federal, assim, provavelmente a política monetária deverá permanecer contracionista por um longo tempo e a melhor proteção contra a inflação com o menor risco possível consiste no tesouro Selic. No entanto, os títulos curtos são mais caros para o governo e oferecem pouca margem de manobra no sentido da rolagem da dívida, logo, uma dívida puxa outra. Portanto, qualquer aumento na Selic é capaz de encarecer o estoque da dívida e o custo das emissões futuras. 

Bons investimentos.

Referências

bcb.gov.br/estatisticas

tesourotransparente.gov.br/publicacoes/relatorio-mensal-da-divida-rmd/2024/8

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