O risco das empresas com alto endividamento

As empresas com alto endividamento apresentam dívida líquida elevada se comparado à geração de caixa. Nesse sentido, dizemos que tais empresas possuem uma alta alavancagem. Portanto, nós, investidores focados em dividendos, precisamos compreender o nível de endividamento de uma empresa, bem como o perfil da dívida. Neste post discutiremos sobre o risco das empresas com alto endividamento.                 

Boa leitura.

Nível de endividamento e perfil da dívida

É comum as empresas utilizarem dívidas para financiarem seus projetos. Para tal, elas utilizam diversos tipos de instrumentos financeiros, tais como, debêntures, empréstimos bancários e ofertas subsequentes de ações (follow-on). No entanto, em um cenário de alta da taxa de juros, o capital se torna mais escasso e o custo da dívida aumenta

Logo, nesse tipo de cenário, a maior parte da geração de caixa da empresa fica comprometida com os encargos da dívida e pouco (ou nenhum) dinheiro segue para o bolso do acionista através da distribuição de dividendos. Portanto, se uma empresa possui um alto nível de endividamento, então, é pouco provável que ela distribua bons dividendos no curto e médio prazo

Além disso, o perfil da dívida é tão importante quanto o nível de endividamento. De fato, se uma companhia tem um alto encargo com juros e uma grande parte das suas dívidas possui vencimento no curto prazo, então, a distribuição de dividendos é praticamente inviável. Nessa circunstância, para honrar os compromissos com os credores, a empresa deve comprometer o seu caixa. Em resumo, alta alavancagem e pagamento de proventos são incompatíveis.                

Uma alta alavancagem é prejudicial para o funcionamento das empresas e também para os acionistas

O risco do alto endividamento

O Brasil é um país que necessita de juros altos para controlar a inflação. Isso se deve ao fato que a nossa política fiscal é expansionista e o governo necessita de cada vez mais dinheiro para financiar a máquina pública. Em vez de controlarmos os gastos públicos e nos tornarmos eficientes na alocação de capital, a ordem do dia é outra: expandir os gastos e financiá-los com o aumento de impostos. 

Em nosso ver, o principal risco do alto endividamento reside no potencial descontrole do custo da dívida, que em muitos dos casos se configura como uma taxa fixa mais algum indicador de inflação (IPCA, IGP-M, dentre outros) ou um percentual do CDI.

Ou seja, embora a alta dos juros seja adequada para frear a inflação, ela também pode acarretar na inviabilidade de diversos negócios, principalmente os que estão situados em setores cíclicos da economia. Não é raro identificarmos empresas que faliram ou entraram em recuperação judicial após a pandemia. Americanas (AMER3) e Gol (GOLL4) são dois exemplos de empresas com ações negociadas na bolsa e que entraram em recuperação judicial.           

Deste modo, nós, investidores focados no recebimento de dividendos, ao estudarmos os fundamentos das companhias precisamos identificar o nível de endividamento, bem como o perfil da dívida. Com efeito, embora as empresas situadas nos setores perenes sejam mais resilientes aos ciclos econômicos, elas não estão imunes aos efeitos negativos da alta dos juros e um possível descontrole do custo da dívida. Lembre-se: alta alavancagem e pagamento de proventos são incompatíveis. 

Bons investimentos.

Referências

einvestidor.estadao.com.br/investimentos/mercado-empresas-endividadas-bolsa-ranking/

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