O desinteresse dos brasileiros pelos investimentos

De acordo com os dados mais recentes divulgados pela B3, apenas 3,8 milhões de brasileiros investiam em ações no final do 2° trimestre de 2024. Além disso, neste mesmo período, constatou-se que somente 2,7 milhões de brasileiros tinham aplicações no Tesouro Direto. Logo, podemos afirmar que há um desinteresse dos brasileiros pelos investimentos, seja na renda variável ou na renda fixa. Mas afinal, por que os brasileiros possuem essa falta de apetite por investir? Essa pergunta tem me intrigado a tempos. Nesse sentido, me propus a refletir sobre este problema. Se você também se questiona sobre o desinteresse dos brasileiros pelos investimentos, confira algumas das nossas ideias a respeito do tema. 

Boa leitura.

Consumir ou investir?

Muitas pessoas acreditam que consumir e investir são atividades opostas. Ou seja, o consumo limita o investimento e vice-versa. No entanto, acredito que consumir e investir são ações complementares. Mais ainda, interpreto que decisões inteligentes de consumo podem ser desenvolvidas a partir do momento que nos propomos a investir. De forma complementar, bons investimentos podem contribuir para que tenhamos acesso a bens e serviços de melhor qualidade. 

Portanto, em nosso ver, um dos fatores que motivam o desinteresse dos brasileiros pelos investimentos consiste na crença de que não é possível conciliar consumo e investimentos. Assim, para muitos brasileiros, o único propósito da renda proveniente do trabalho é custear os seus hábitos de consumo. Na sociedade capitalista em que vivemos, observo muitas pessoas que são ricas em bens e pobres em experiências. 

Consumir e investir podem ser atividades complementares.

Falta de educação financeira

A falta de educação financeira é uma das justificativas para o desinteresse dos brasileiros pelos investimentos. No entanto, me refiro à ausência de um projeto de sociedade que promova dentro e fora de casa uma educação financeira básica. Enquanto professor de matemática da educação básica, muitas pessoas já me perguntaram por qual motivo a educação financeira não faz parte do currículo escolar. Porém, não existe resposta simples para um problema complexo. Acredito que o problema deve ser pensado de trás para frente, ou seja, a partir da reflexão sobre os currículos das licenciaturas em matemática. 

Durante a minha graduação não tive aulas sobre educação financeira. O que se ensina na faculdade é matemática financeira. Ou seja, um conjunto de fórmulas que envolvem cálculo de juros, período, valor presente e valor futuro. Isso está muito aquém do que é realmente a educação financeira. O professor só ensina aquilo que sabe. Se nem mesmo o professor possui educação financeira, como ele poderá educar financeiramente os seus alunos? Pior do que não ensinar é ensinar errado.   

Gastar menos do que se ganha e investir a diferença são princípios básicos da educação financeira.

Ausência de planejamento para o futuro

Existe um samba muito popular que sintetiza muito bem a ausência de planejamento para o futuro: “deixa a vida me levar, vida leva eu”. A falta de projetos para o futuro e a ideia de viver o hoje como se o amanhã não fosse importante, de certo modo fazem parte da cultura imediatista do brasileiro. De fato, se você não possui objetivos claros para o médio e longo prazo, investir fará muito pouco sentido. Portanto, em nossa opinião, uma das justificativas para o desinteresse dos brasileiros pelos investimentos consiste na ausência de planejamento para o futuro, planejamento este que é responsabilidade de cada indivíduo.  

Além disso, toda pessoa que se propõe a investir deve ter clareza que a paciência e o planejamento são ingredientes fundamentais para se obter êxito nos investimentos. A ansiedade e a vontade de obter ganhos rápidos são inimigos do investidor de longo prazo. Não podemos deixar a vida nos levar. Ao contrário, devemos ser protagonistas e assumir a responsabilidade pela gestão das nossas finanças pessoais e investimentos.

Planejar o futuro nos motiva a investir.
Considerações finais

Se você ainda não começou a investir, saiba que não é preciso ser um economista ou um expert em investimentos para dar um primeiro passo e trilhar o seu próprio caminho. Digo por experiência própria. Eu sou apenas um professor de matemática que no início de 2020 decidiu investir com foco na liberdade financeira. Creio que até o momento já conquistei muito mais do que eu imaginava. A decisão de investir de forma organizada e sistemática mudou a minha vida e por esse motivo eu me dedico a escrever textos para este blog. A sua vida não pode se resumir a trabalhar, consumir e pagar boleto.   

Bons investimentos.

Referências

b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/perfil-pessoas-fisicas/perfil-pessoa-fisica/#:~:text=Perfil%20pessoas%20f%C3%ADsicas&text=O%20total%20de%20investidores%20na,j%C3%A1%20cresceu%20mais%20de%2080%25.

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