Mercado em alta e seleção de ações

Recentemente o Ibovespa atingiu a sua máxima histórica, aproximadamente 132 mil pontos. A partir do gráfico semanal do índice é possível identificarmos um mercado em alta (bull market) desde a segunda quinzena de outubro. Nesse sentido, muitos investidores tornam-se eufóricos e menos criteriosos. Neste post, pretendemos tecer algumas observações sobre o mercado em alta e a seleção de ações. 

Mercado em alta

Quando o Ibovespa estava abaixo dos 100 mil pontos, a mídia, o mercado financeiro e os investidores apresentavam um discurso extremamente pessimista em relação à bolsa. Ou seja, eles não enxergavam uma luz no fim do túnel. Somado a isso, tínhamos as eleições e as incertezas decorrentes de uma possível transição de governo. Entretanto, a maior parte dos ativos estavam bem descontados e com uma excelente margem de segurança. Infelizmente, uma boa parcela dos investidores estavam pessimistas demais e foram induzidos a migrar seus investimentos para a renda fixa.    

No entanto, a maré virou. Agora, o Ibovespa está acima dos 130 mil pontos. A mídia, o mercado financeiro e os investidores apresentam um discurso extremamente otimista em relação à bolsa. Porém, uma boa parte dos ativos já apresentou uma expressiva valorização desde o início do ano e a margem de segurança foi bastante reduzida. Apesar disso, muitos investidores estão sendo induzidos a migrar seus investimentos para a bolsa pelo simples fato que ela está subindo. Ou seja, é preciso comprar ações porque elas estão subindo.

Porém, em um bull market precisamos ter uma atenção redobrada com os fundamentos dos ativos. Uma alta generalizada tem implicações sutis em nosso comportamento e postura. Nos tornamos mais descuidados e menos criteriosos. A valorização dos ativos costuma inflar o nosso ego e validar a nossa tese de investimentos. Nós, investidores focados no recebimento de dividendos, não podemos perder de vista o nosso referencial: investir em boas empresas de setores perenes, que negociam a bons preços e que pagam bons dividendos. Precisamos manter o foco e a estratégia. Não podemos nos iludir por um mercado em alta.     

Gráfico semanal do Índice Ibovespa (Fonte: B3)

Seleção de ações

Teoricamente, a estratégia de seleção de ações com foco no recebimento de dividendos não depende do fato do mercado estar em baixa (bear market) ou em alta (bull market). Para nós, investidores de dividendos, um bear market é muito mais favorável do que um bull market. De fato, quando os preços estão deprimidos as oportunidades surgem em maior quantidade e com uma margem de segurança mais atrativa. Por outro lado, quando os preços estão nas alturas, as oportunidades diminuem e a margem de segurança também.

Obviamente, não somos desfavoráveis à valorização das ações. Isso seria um absurdo. No longo prazo, é altamente provável que a performance da ação tenha uma forte correlação com o desempenho da empresa. Porém, no curto prazo tudo é possível. Em um mercado altista até mesmo péssimos ativos podem apresentar uma valorização excepcional. Entretanto, preço não é sinônimo de valor. Portanto, a seleção de ativos em um mercado altista deve ser feita da maneira mais racional, criteriosa e cuidadosa possível. 

O mercado financeiro não é lugar para aventuras. Infelizmente, muitos investidores que compram ações com base na emoção acabam vendendo com base na frustração. Portanto, a seleção de ações deve ser feita a partir da análise dos fundamentos da empresa e não com base na perspectiva da valorização do ativo no curto e médio prazo. Para nós, especulação não é sinônimo de investimento.         

Referências

b3.com.br/pt_br/institucional

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