Juros americano e juros brasileiro
O juros americano impacta diretamente no juros brasileiro. Ou seja, as decisões sobre a condução da política monetária americana têm um impacto direto na política monetária brasileira. Nesse sentido, discutiremos sobre a relação entre os juros americano e o juros brasileiro.
Juros americano
Nos primeiros meses de 2024, temos observado que a economia americana está a todo vapor. De fato, embora a taxa de juros americana esteja situada no patamar de 5,5% ao ano – o que é considerado alto para os padrões dos EUA -, nota-se que o mercado de trabalho está bastante aquecido, dado que a taxa de desemprego está em 3,8%.
Por outro lado, a inflação norte-americana está rodando a 3,5% ao ano e ainda não apresenta sinais de arrefecimento. Inclusive, a força do mercado de trabalho contribui para a estabilidade e até mesmo uma possível alta dos níveis de preços já que o trabalhador americano continua gerando renda e consumindo.
Portanto, é provável que os juros nos EUA se mantenham em patamares elevados por mais tempo, dado que possíveis cortes de juros poderiam estimular ainda mais a economia e implicar no aumento da inflação. Desse modo, considerando a força da economia norte-americana aliada a uma taxa de juros elevada, estamos observando uma fuga de capital dos países emergentes para os EUA.
De fato, os títulos de dívida do tesouro americano são considerados os ativos mais seguros do mundo, o dólar é uma moeda forte e a economia americana é uma verdadeira locomotiva. Logo, o Brasil, enquanto país emergente, não passa ileso os efeitos dessa “tempestade perfeita”. Discutiremos a seguir sobre os impactos dessa “tempestade” na nossa política monetária.
Juros brasileiro
De forma similar ao que está ocorrendo nos EUA, aqui no Brasil também estamos lidando com uma taxa de juros elevada no patamar de 10,75% ao ano. Porém, diferentemente dos americanos, nós brasileiros, já estamos acostumados com juros mais altos devido aos períodos de hiperinflação que ocorreram em um passado recente e a consequente perda do poder de compra da moeda.
Apesar dos juros elevados, o nosso mercado de trabalho está aquecido. De acordo com a PNAD Contínua do IBGE, a taxa de desemprego ao final do 4º trimestre de 2023 estava em 7,4%, o que é considerado bastante razoável para os padrões brasileiros. Além disso, o IPCA – a inflação oficial medida pelo IBGE – está rodando a 3,93% ao ano e segundo o mercado está apresentando um comportamento bastante saudável e com sinais claros de arrefecimento e até mesmo estabilidade.
Nesse sentido, observamos um fenômeno interessante: a inflação brasileira e a norte-americana estão muito próximas, porém, o juros brasileiro é praticamente o dobro do juros americano. Infelizmente, a pujança da economia americana e a sua taxa de juros elevada não contribuem para que o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil (BC) possa implementar um ciclo de cortes de juros mais agressivos.
Se os juros brasileiros gradativamente diminuir e o juros americano se mantiver estável ou até mesmo aumentar, então, a fuga de capitais do Brasil para os EUA provavelmente aumentará. Assim, o dólar se fortalece perante o real e a inflação pode retornar a uma tendência altista devido ao aumento nos custos de importação aliada ao aumento de preços no mercado interno dado um cenário mais favorável para as exportações. Portanto, ficaremos na torcida para que os juros americano diminuam. Caso contrário, é provável que os juros brasileiro se mantenham em patamares elevados por mais tempo.
Referências
br.investing.com/economic-calendar/cpi-733