Investir de forma sofisticada ou focar no básico?

Uma das maiores dificuldades vivenciadas pelo investidor reside em delimitar os tipos de ativos que devem compor o seu portfólio. Nesse sentido, um dos dilemas que certamente todos nós, investidores comuns, já vivenciamos é o seguinte: “investir de forma sofisticada ou focar no básico?” Em nossa opinião, investir com foco no básico é a melhor estratégia. Desenvolveremos a nossa tese nas seções a seguir.

O mercado financeiro

Para refletirmos sobre o dilema colocado no início do texto, primeiramente é necessário compreendermos que o mercado financeiro é um grande mercado, no sentido que as pessoas, empresas, dentre outros agentes econômicos, negociam ativos financeiros, seja com o objetivo de especular ou investir. 

Taxas de juros, dólar, ouro, criptomoedas, mini-índice, ações, fundos multimercado, fundos imobiliários, títulos de dívidas governamentais, títulos de dívidas empresariais, ETFs, BDRs, dentre outros, são alguns exemplos de ativos que podem ser negociados no mercado financeiro. Para além dos ativos, convém destacar também que é possível negociá-los por um preço à vista ou futuro. 

A diversidade de ativos é grande e naturalmente nos sentimos soterrados diante da quantidade de opções existentes. Não é raro nos deparamos com algum colega dizendo que está na hora de investir em criptomoedas, ouro, dólar, enfim, sempre tem alguém que supostamente já identificou o ativo do momento. 

Precisamos ter cuidado e discernimento para não cairmos literalmente na onda. Os vieses dos investidores são os mais diversos. Todos nós temos uma tendência natural de enaltecer os nossos acertos e ocultar os nossos erros. Falar sobre investimentos malsucedidos não é uma prática comum entre os investidores.  

No mercado financeiro os ativos financeiros disputam entre si o capital dos investidores

Os analistas e as corretoras

Os analistas e as corretoras são extremamente relevantes na dinâmica do mercado financeiro. Além de possibilitar a negociação de ativos, as corretoras emitem opiniões sobre os ativos financeiros através dos seus analistas. Seja na análise de empresas, fundos imobiliários e cenário macroeconômico, precisamos estar cientes que toda análise traz consigo a subjetividade do analista, bem como o viés da instituição na qual ele trabalha. 

Por isso é que verificamos recomendações diferentes para um mesmo ativo. Por exemplo, uma casa de análise X afirma que é o momento de comprar ações da Petrobras. Já a corretora Y afirma que é o momento de vender. Já uma corretora Z afirma que não é para comprar nem vender, mas apenas manter.

O investidor pessoa física não pode ser ingênuo e acreditar que os analistas e as corretoras estão totalmente alinhados com os seus próprios interesses. Em nenhum ramo de negócios isso existe. Não seria diferente no mercado financeiro. A finalidade dos analistas e das corretoras é outra: recomendar e/ou vender produtos e/ou serviços.  

Mas afinal, qual caminho seguir?

Em meio a tantas opções de ativos financeiros e opiniões divergentes no mercado, nós, investidores comuns, devemos investir com foco no básico. O nosso argumento é simples: é impossível ser especialista em tudo. Desta forma, é mais plausível focar o nosso tempo, dinheiro e energia naquilo que temos condições de entender, acompanhar e estudar

No geral, os analistas e as corretoras procuram estimular o giro da carteira e investimentos de curto prazo. Inclusive, a maioria das corretoras possui uma equipe de traders que negociam ativos financeiros todos os dias. Ou seja, elas emitem opiniões e negociam ativos. Logo, não é difícil identificarmos a existência de um suposto conflito de interesses.   

Além disso, nós, investidores comuns, dispomos de um capital muito menor se comparado aos gestores de fundos de investimentos, então, é natural reduzirmos as nossas escolhas de investimento. No geral, a pulverização do capital faz com que o nosso portfólio de investimentos tenha um desempenho inferior.

O ideal é escolhermos ativos que estejam ao alcance da nossa compreensão, entendimento e acompanhamento. Por exemplo, títulos do tesouro direto, fundos imobiliários e ações podem fazer mais sentido para nós, investidores comuns.  

Por fim, precisamos ter criticidade e realizar as nossas análises de forma independente, embora tenhamos acesso às informações disponibilizadas pelos analistas, pelas corretoras e pela mídia especializada no mercado financeiro.  

Referências

b3.com.br/pt_br/institucional

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