Impacto da taxa Selic nos investimentos

A rentabilidade dos investimentos em renda fixa e renda variável possui correlação com a taxa Selic (taxa básica de juros). Neste post, discutiremos tal correlação para cada uma destas modalidades de investimento.   

Selic e a renda fixa

No geral, os produtos de renda fixa, tais como, caderneta de poupança, tesouro Selic, certificado de depósito bancário (CDB), dentre outros, possuem rentabilidade indexada à taxa Selic. Ou seja, se a taxa básica de juros aumenta, então, a rentabilidade aumenta. Por outro lado, se a Selic diminui, a rentabilidade diminui.

Neste sentido, é totalmente justificável o aumento na procura dos investimentos em renda fixa, principalmente a partir de agosto de 2022 quando a Selic atingiu o patamar de 13,75% ao ano. 

Para os investidores que pretendem atingir a liberdade financeira, consideramos pertinente que uma parte do patrimônio esteja atrelado à Selic, justamente para aproveitar os ciclos de alta. Por exemplo, é razoável alocarmos a reserva de emergência em algum investimento com alta liquidez e se possível que mantenha o nosso poder de compra. Atualmente, o tesouro Selic reúne estas duas características.

Embora no momento a renda fixa esteja bastante atrativa, nem sempre foi assim. Durante o contágio de 2019 a taxa básica de juros chegou a 2% ao ano e verificamos praticamente uma “fuga” de investidores para a bolsa de valores na busca por ativos com rentabilidades mais atrativas, tais como ações e fundos imobiliários (FIIs). 

No entanto, o aumento na demanda por ações e FIIs fez também com que os preços destes ativos aumentassem, apesar das diversas incertezas econômicas em virtude do lockdown. Em plena pandemia, o Ibovespa atingiu o seu pico histórico. Discutiremos a seguir algumas possíveis justificativas para tanta euforia nos ativos de renda variável, embora estivéssemos vivendo uma crise sanitária.            

A rentabilidade da renda fixa possui correlação positiva com a taxa básica de juros

Selic e a renda variável

Os ativos de renda variável, tais como, ações e fundos imobiliários, no geral, são impactados negativamente pela alta na taxa básica de juros. Ou seja, se a taxa básica de juros aumenta, a rentabilidade diminui. Se a taxa básica diminui, a rentabilidade aumenta.

No mercado financeiro, os analistas utilizam técnicas de modelagem para estabelecer o preço justo de ações e FIIs. A taxa Selic é uma variável fundamental neste processo de precificação, pois serve como taxa de desconto dos fluxos de caixa futuros para valor presente. Portanto, quanto maior a taxa de juros, maior o desconto. No geral, a movimentação de preços verificada no mercado é altamente influenciada pelas recomendações dos analistas.

Além disso, a alta na Selic por si só contribui para o aumento no endividamento das empresas. Isso ocorre porque geralmente o capital de terceiros é remunerado com base em algum indicador de inflação (IPCA, IGP-M) ou CDI (certificado de depósito interbancário), sendo que este último costuma ser um pouco abaixo da Selic.           

No entanto, o fato da taxa básica de juros estar situada em um patamar elevado não implica ser necessário vender todos os ativos de renda variável e alocar todo o capital na renda fixa. Uma baixa generalizada nos preços das ações e FIIs em virtude de um ciclo de alta da Selic, pode sinalizar uma janela de oportunidades e não um momento de liquidação de posição. 

Para além da taxa básica de juros, precisamos analisar os fundamentos do negócio, seja uma empresa ou fundo imobiliário, pois os ciclos de alta e baixa na Selic não duram para sempre e inclusive existem ramos de negócios cuja rentabilidade é menos sensível às oscilações da taxa de juros. Por exemplo, os bancos, as transmissoras de energia elétrica, as seguradoras, dentre outros setores tidos como perenes.

Referência

https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/taxaselic

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