Empresas alavancadas

Embora seja comum as empresas utilizarem dívida para financiar e expandir as suas operações, a pandemia e a alta da Selic acertaram em cheio as empresas alavancadas. Não por menos, observamos que nos últimos dois anos diversas companhias entraram com pedido de recuperação judicial. Se você investe em ações ou pretende ingressar no mercado, confira o nosso texto sobre as empresas alavancadas. 

Boa leitura.   

Nível de endividamento de uma empresa

Um dos principais indicadores utilizados para avaliar o nível de endividamento de uma empresa é a razão entre a dívida líquida e o EBITDA. A dívida líquida de uma empresa é a diferença entre a dívida bruta e o caixa. Nesse sentido, se uma empresa possui uma dívida líquida positiva, então, a dívida bruta é maior que o caixa. Por outro lado, se a dívida líquida é menor ou igual a zero, então, o caixa, no mínimo, se equipara à dívida bruta.

Já o EBITDA é o lucro de uma companhia antes dos juros, taxas, depreciação e amortização. Os analistas de ações costumam afirmar que o EBITDA tende a ser uma boa estimativa para a geração de caixa de uma empresa, excluindo-se efeitos não recorrentes, por exemplo, a venda de uma subsidiária ou uma indenização de um processo judicial. 

A razão entre a dívida líquida e o EBITDA é uma fotografia recente do nível de endividamento de uma empresa. Embora não exista uma regra geral para definirmos quando uma companhia pode ser considerada altamente endividada, há um consenso no mercado que, se a dívida líquida sobre o EBITDA atingir um patamar maior ou igual a 3 vezes, então, isso pode sinalizar que a empresa está altamente alavancada, desde que a dívida líquida e o EBITDA forem ambos positivos.   

Quando a taxa Selic sobe, o custo da dívida aumenta e as empresas ficam mais alavancadas.

Empresas altamente alavancadas

Apresentamos na tabela a seguir algumas das empresas altamente alavancadas, ou seja, empresas cuja dívida líquida sobre EBITDA é maior ou igual a 3. Coletamos as informações no site Status Invest no dia 20 de setembro de 2024. 

EmpresaDívida líquida/EBITDA
CSN (CSNA3)3,85
Vamos (VAMO3)3,78
Light (LIGT3)4,29
AES Brasil (AESB3)6,10
Suzano (SUZB3)3,37
Taesa (TAEE11)4,39
Equatorial (EQTL3)3,58
Cosan (CSAN3)3,49
Localiza (RENT3)3,01
JBS (JBSS3)3,29
Marfrig (MRFG3)3,72
Minerva (BEEF3)3,56
CCR (CCRO3)4,62
Fonte: Status Invest.

De acordo com a tabela, concluímos que tanto as empresas dos setores cíclicos da economia quanto às empresas dos setores perenes estão suscetíveis a um possível descontrole do seu endividamento se comparado à sua geração de caixa. Além disso, cabe destacar que diversas empresas possuem boa parte das suas dívidas atreladas ao CDI. Portanto, enquanto a taxa Selic estiver situada no patamar acima de dois dígitos, dificilmente tais empresas conseguirão reduzir a sua alavancagem de forma consistente, independentemente do setor em que elas atuam.     

Referências

statusinvest.com.br

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