Diversificação e pulverização

É comum escutarmos sobre a importância da diversificação em uma carteira de ações.  No entanto, precisamos compreender a diferença entre diversificação e pulverização. Caso contrário, é provável que a performance da nossa carteira fique aquém das nossas expectativas.                 

Diversificação 

No mercado de ações, a diversificação consiste na alocação de capital em mais do que uma empresa. Ao diversificarmos nossa carteira de ações temos por objetivo diluir os riscos. Ou seja, partimos do pressuposto que o nosso capital estará exposto a um risco maior se ele estiver aplicado apenas em uma empresa, do que se estiver em mais do que uma. 

Embora tal hipótese faça sentido de um ponto de vista probabilístico, precisamos ser cautelosos na sua aplicação dado que o retorno total da carteira (proventos + valorização) dependerá não somente das ações que adquirimos, mas principalmente do peso desses ativos na carteira. É impossível eliminarmos o risco e volatilidade das ações.      

Nesse sentido, a diversificação será mais ou menos relevante a depender da nossa estratégia de investimentos, experiência e conhecimento do mercado. Com efeito, pois ao adquirirmos experiência no mercado, teremos maior habilidade para analisar e quantificar os riscos. Podemos nos tornar especialistas em alguma estratégia, mas dificilmente seremos especialistas em todas as estratégias. Para realizarmos bons investimentos, precisamos ter foco. 

Portanto, no decorrer do tempo, a qualidade das empresas que compõem a nossa carteira será uma variável mais importante para mitigar os riscos do que a quantidade. Tal conclusão, inclusive, está alinhada com a nossa estratégia de investimento em dividendos, pois priorizamos aumentar a quantidade de ações das empresas pagadoras de proventos que fazem parte da nossa carteira, em vez de acrescentarmos novas empresas apenas com o intuito de eventualmente diminuir o risco.          

Apesar de não existir um número ideal de empresas para compor uma carteira de ações, caso o investidor tenha como foco o recebimento de dividendos, acreditamos que a aquisição de uma empresa de cada um dos setores perenes da economia pode ser uma alocação interessante, ou seja, uma carteira formada por cinco empresas, sendo cada uma dos seguintes setores: bancos, seguradoras, energia elétrica, telecomunicações e saneamento básico. 

A bolsa de valores possui empresas dos mais diversos setores da economia.

Pulverização

No mercado acionário, a pulverização consiste na alocação de capital em um número elevado de empresas, podendo-se considerar também certo limite para a representatividade de cada empresa na carteira. Por exemplo, podemos estabelecer uma carteira com 10 ativos, de modo que cada um deles corresponda a 10% da carteira. Ou uma carteira com 20 ativos, sendo que cada um terá uma representatividade de 5%. 

Em nosso ponto de vista, o pressuposto principal da pulverização é o seguinte: quanto maior o número de ações, menor é o risco da carteira. Isso não necessariamente é uma verdade e, inclusive, a pulverização costuma comprometer a performance da carteira. Portanto, a diferença entre diversificação e pulverização não é apenas conceitual, ela decorre também de uma interpretação e gestão equivocadas do risco. 

Para os investidores focados em dividendos, a pulverização age no sentido contrário da estratégia. Com efeito, ela diminui o potencial de ganho das melhores empresas da carteira, dado que o capital estará disperso entre empresas que apresentam alta e baixa performance no quesito dividendos. Ou seja, através de uma avaliação e gestão inadequada de risco, compromete-se o potencial de retorno. 

É comum ao iniciarmos no mercado de ações, confundirmos os conceitos de diversificação e pulverização. Inclusive este foi um dos equívocos que cometemos quando ingressamos no mercado acionário. Para reconhecê-lo, é preciso analisarmos de forma crítica o alinhamento das empresas com a nossa estratégia. Além disso, se necessário, precisaremos solicitar a ajuda de algum colega mais experiente no mercado ou especialista.             

Nesse sentido, entendemos que o preço-teto e a margem de segurança podem ser ferramentas importantes na gestão de risco, pois eles podem contribuir na diversificação de uma carteira de ações, de modo que isso não se transforme em uma pulverização.

Referência

blog.toroinvestimentos.com.br/bolsa/quantas-acoes-ter-na-carteira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

19 − 1 =